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4.1.09

Às vezes sempre.

Levantou, mas deixou o drink pela metade.








Em casa a cama meio desarrumada, o doce gostoso da geladeira meio engolido, a louça meio suja.
O livro marcado sem chegar ao fim.
Uma caneca de café frio ao lado do computador em espera por uns dois dias.
A sopa esquecida no micro-ondas que, de tanto chamar frenéticamente, desistiu.
A tevê ligada, mas a tela azul. Os dvds guardados fora de suas capas. Umas linhas rabiscadas num bilhete amassado escondido no canto da sala.
O caderno de receitas amarelado entre a parede e o lixo. Os copos vazios à beça. As ameixas que seriam usadas no próximo pudim emboloraram. Lembretes velhos de promessas descolando pelo tempo. Os cadarços sujos desamarrados pelos nós mal dados.

Coisas que nunca terminarão de ser refeitas.

12.11.08

ShāhMāt!

O céu alaranjado em uma parte e azul escuro em outra, como quando se tem um pôr-do-sol com o céu limpo. Tinhamos acabado a partida poucos minutos atras e agora ele estava deitado ao lado do tabuleiro com aquela cara pálida de quem não perdia um jogo há séculos.

Do outro lado estava ela, imponente e grandiosa em sua pequena roupa. Como quando a delicadeza se funde ao peso e não se pode mais carregar, eu parecia levar nas mãos a responsabilidade do que parecia uma tortura. Como ele pôde cair nas armadilhas mal armadas e perder toda a postura intocável?
Meus movimentos grandes e a possibilidade de explorar cada canto do tabuleiro era costrangedora quando pensava que tudo o que o pequeno branquelo podia fazer era dar um passo de cada vez. Sem atropelar as pernas eu escorregava entre o quadriculado dicromático feito uma dançarina no gelo e acertava em cheio cada tentativa de proteção ou fuga. Estranho era me ver com as mãos sobre meu próprio corpo tecendo teias ao redor dele, pregando e movendo peças na brincadeira que se faria infinita. Mas foi invertido.
Como se sentem os reis na hora do xeque-mate?

29.10.08

TopSecrets.!


Saí correndo para ver o que era e me deparei com o céu mais lindo da minha vida, era como se todos os astros estivessem olhando para baixo, por um momento fiquei ali paralizada, mas me lembrei que alguma coisa tinha caído de lá. Corri!
Talvez muita gente tenha notado e quando eu chegar não tem mais nada. Corri!
Naquela hora não tinha explicação - ainda hoje não tem - um deles tinha caído e era por isso que todos observavam atentos com os rostos virados para baixo. Recolhi devagarinho e levei comigo como quem leva um tesouro. Eu tinha uma estrela nas mãos.
Era pequenina, meio tímida e desajeitada, talvez tivesse tropeçado nos próprios pés para cair ali.
"- Não se preocupe, isso vive acontecendo."
Isso vive acontecendo? E como ninguém vê? As pessoas não olham mais pra cima? Não fazem mais pedidos as estrelas cadentes? Elas morrem depois disso?
Cuidava todos os dias e a comida favorita dela eram as histórias e fantasias infantis. Ficava radiante, mas quando pôde andar sozinha decidiu voltar. Dava pra ver que todos a recebiam brilhando e viravam as costas para o mundo aqui em baixo.
Eu estava feliz, só que elas me esqueceram agora que devolvi a parte que faltava.
Minha surpresa veio no outro dia, lá estava mais uma desabando. Duas, três, incontáveis. Todos os dias.
Ainda pego, levo pra casa, cuido, conto histórias e as vejo dormir até ficarem boas e resolverem subir. Enquanto devolvo e pinto outra luzinha fico pensando que seria bacana se eu aprendesse cair ao contrário, pra dentro do céu.

Digo que vou ser sempre a apanhadora de estrelas, mas elas nunca dizem se vão me levar lá pra cima.


Foto por: Mim. Uma das minhas mil e uma manias.

23.10.08

CottonCandy!


Não era difícil entender porque todos a chamavam de louca. Eu poderia contar suas histórias durante dias, vocês dariam risada e ficaria tudo bem. Mas não essa. Me espanta tanto a sua maneira de ver o mundo. Entre suas mil manias a mais gritante era sentir a vida na boca.
Degustava o mundo e tinha necessidade constante de fechar os olhos e saborear cada pedacinho de momento que vivia. Para ela feriado tinha gosto de pipoca com manteiga e chocolate quente, mesmo que fosse verão.
Quando falava sobre o mais perto de amar que já tinha conseguido chegar, as palavras saltavam da sua boca devagarinho, feito quando a gente acorda de manhã num domingo chuvoso e não quer sair da cama, elas vinham em câmera lenta e pousavam sobre meu colo de mansinho. E me deixavam sem ar.
"Ele tinha olhos de água filtrada, não pela cor, mas pelo gosto, tinham gosto de pureza e dava pra ver do outro lado. O cabelo era cor de chocolate e me dava vontade de morder. Bochechas de marshmallow, sabe como é? Assim fofinho, se você espetar e colocar no fogo ficam molinhas. Mas o que me paralizou de verdade foi a voz..."
Por um momento pensei que não fosse me contar, não que eu fosse insistir sabe? Sou curiosa, mas não intrometida.
"... a voz parecia com licor, você prova e leva um susto mas aí você quer mais. Te dá uma vertigem e você sente o mundo girar, as pernas tremem e o corpo não obedece mais.
Meu coração ficava colorido quando ouvia, e parecia um algodão-doce daqueles bem grandes, só que ele pulsava forte e forte e forte, mas era só colocar na boca que se derretia, ficava pequenininho... E engolível"




...


DesConsiderações Finais:
° Dia 11 o blog fez um ano eeee \õ/ - grande coisa.
° Dia 19 foi o meu aniversário eeee \õ/ - grande coisa. {2}
° "Desconsiderações" achei uma idéia legal :)
° Foto neste link q tô com preguiça de ocultar: http://www.flickr.com/photos/fernanda-maia/2198907315/in/pool-1million

:*

9.10.08

Discrepância

Muita gente, poucas pessoas. É disto que o mundo é feito.
Seria mais bonito se a vida fosse feita de detalhes, menos perguntas, respostas mais curtas e os pequenos prazeres pessoais.
Deixar de lado a investigação exagerada e admitir que as nuvens são algodão-doce, a lua é queijo suíço e estrelas são os buraquinhos do céu.
Não deveria ser tão complicado enxergar as coisas simples: nariz de porco é tomada, tomada é choque escondido, esconder é fechar os olhos e então a gente fica invisível. Em dia frio meia de lã na mão é luva, em dia quente mangueira vira piscina. Irmão é ao mesmo tempo inimigo e aliado, guerra sangrenta e acordo de paz. Com conjuntivite somos piratas e o passarinho que estava na gaiola vai parar no ombro. A vassoura vira cavalo, tampa de panelas bateria, gelo com palitinho picolé incolor, creme de barbear é torta de chantilly e bolo de aniversário a gente fura com o dedo.
Só saudade. Saudade da inocência dos olhos capazes de ver coelhos na lua, de passar horas olhando o nada. Dos olhos com sorrisos embutidos e lágrimas teimosas. Olhos com corações a mostra, transparentes de fora para dentro. Olhares mudos fofoqueiros.
Saudade das palavras combinadas minuciosamente, aliás, saudade das não-palavras. Das conversas sem falar. De todo aquele tempo livre que aproveitamos fazendo absolutamente nada. Do desperdício de vida mais bem aproveitado.

Saudade crônica.


{entre surtos e tolices lá se vai mais um}

5.10.08

Tempo de Morangos

Uma reviravolta e quando se dá conta lá está o mundo de ponta cabeça outra vez.
Não erramos ao tentar consertar, erguer a cabeça e seguir em frente. Totalmente plausível.
O erro está na esperança depositada em lugares errados. A mania do "inalcançável", a vontade de ser super-herói e conseguir mostrar para todos que enfrenta e faz tudo sozinho, ser um semi-deus para esconder fraquezas.
Ser forte é admitir erros terríveis, abrir mão de ser protagonista e sentir o gosto de ser coadjuvante. Poupar-se. Perder!
Não há ato mais heróico que matar a própria esperança - A luta mais particular e solitária. Sufocar a vontade de gritar sentimentos, a ânsia de apertar pessoas e abraçar até deixar sem ar. Tentar apagar o desejo irresistível.
Heroísmo é ser perdedor de si mesmo, auto-derrota que ao mesmo tempo te dá o último e primeiro lugares. Arrancar velhos baobás enraizados para esperar a temporada de morangos chegar.

Sofrimento mudo.


Nota(s):
Rifo um coração
Compro sementes de morangos
Vendo baobás semi-novos para corte.
Vou voltar mais vezes!

Clique:
Vozes Inspiradoras

16.9.08

18 anos de sorte no jogo

Nunca repassei e-mails do tipo "mande para duas mil quatrocentos e cinquenta e sete pessoas ou nunca encontrará seu grande amor", bobagem!
No primário não respondia caderno de perguntas - "Nem a pau" era o que eu dizia. Tudo por causa do final deles, agora escreva o seu ou não vai viver com seu príncipe encantado. Não acredito em príncipe encantado!
Passei várias vezes por baixo das escadas, quebrei espelhos, criei gato preto, andei de costas, deixei chinelos virados, bebi água de ponta cabeça. Nunca bati na madeira.
Sem essa de amuletos, pé de coelho, figas, corações, trevo de quatro folhas. Dispensável. Nunca fiz simpatias, nem aquelas mais fáceis do tipo: coloque o nome do seu amado debaixo do travesseiro.
Na virada de ano nunca pulei com o pé direito, nunca usei calcinha rosa, vermelha, colorida. Não fazia pedidos, nem comia 7 uvas, nem guardava sementes e nem dava pulinhos.
Nunca combinei signos, nunca fiquei paranóica fazendo mapas astrais cruzados.
Azar no jogo sorte no amor?

Vou levar três vidas e meia pra consertar tudo isso.


Notinha:
- Eu não morri :]